Depois de ver o barco subir o rio até se tornar apenas um ponto indistinto da paisagem, olhei para a esquerda, onde estava o pé e o sapato. A subida das águas já submergia totalmente o sinistro achado.
Olhei para o relógio. "12:10. Então a maré deve baixar novamente pelas 18:00..." pensei. Esta questão colocou um novo problema: tinha de decidir, neste momento, se queria investigar sozinho este caso, ou se o iria denunciar à polícia.
A esquadra fica a uns meros 150 metros do cais de Vila Franca.
Já não me meto nestas alhadas desde que me reformei da Judiciária.
O motivo da minha reforma contrariada e prematura, ainda o sinto quente no peito...
"Mas o gajo do barco viu-me. Sabe que descobri o crime, mas não está a contar com o azar de um ex-inspector da PJ passar precisamente por este lugar nesta hora... De certeza que ele terá pensado que me aterrorizou e que fui a correr, esbracejando, pedir ajuda dos senhores de azul!..."
Ainda indeciso, olhei novamente em redor para ver se mais alguém teria assistido a toda esta cena, a adrenalina ainda circulando pelo meu corpo e fazendo tamborilar os meus dedos nervosos nas pernas.
"Ninguém. Óptimo, vou seguir com esta investigação a sós, enquanto conseguir!"
Dirigi-me para o carro. sacudindo a sujidade que já secava na minha roupa, não queria encardir os estofos ainda mais.
Sentei-me e fiz os usuais movimentos de início da marcha lentamente, ainda a processar mentalmente o que sabia sobre o que aconteceu.
O que não sabia era que alguém me observava, resguardado por uma janela onde o tímido sol de Domingo se reflectiu, numa segunda traição aos meus sentidos.
domingo, 1 de fevereiro de 2009
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